31 de outubro de 2013

LUTERO E CALVINO, BALUARTES DA REFORMA


"... O justo viverá pela fé." (Rm 1.17)


      A Reforma Protestante foi um movimento que visou trazer a igreja à pureza original do Cristianismo segundo o Novo Testamento. Depois do Pentecostes, a Reforma do século XVI foi o maior movimento espiritual ocorrido dentro da igreja. Representou uma volta à Bíblia, ao ensino dos apóstolos e, por isso, a rejeição total a qualquer doutrina sem base nas Escrituras.

Lutero (1483-1546)

    Martinho Lutero foi o patrono da Reforma Protestante do século XVI. Nascido na Alemanha, filho de camponeses, tornou-se monge agostiniano e entrou para o convento de Erfurt. Buscava com avidez a salvação de sua alma. Em 1512, aos 29 anos, o texto de Romanos 1.17, "O justo viverá pela fé", explodiu como bomba em seu coração. Ali ele descobriu a gloriosa doutrina da justificação pela fé.

    Mais tarde, quando o papa Leão X estava construindo a basílica de São Pedro, seu emissário Johannes Tetzel foi à Alemanha vender indulgências, que ofereciam redução das penas do purgatório. Convencido de que o tráfico de indulgências desviava o povo da verdade, oferecendo-lhe falsas esperanças, Lutero decidiu enfrentar esse abuso e, no dia 31 de outubro de 1517, na véspera do "Dia de Todos os Santos", quando uma multidão afluía à igreja de Wittenberg, ele, estrategicamente, fixou nas portas dessa igreja (onde as pessoas liam as principais notícias da cidade), as 95 teses contra as indulgências, denunciando dessa forma o grave desvio da igreja. Estava deflagrado o movimento da Reforma.

     Essas teses foram um golpe no poder papal e no poder da igreja que se desviara da fé apostólica. As teses combateram o pretenso poder da igreja de ser mediadora entre o homem e Deus, vendendo o perdão dos pecados. Lutero foi excomungado pelo papa. Em 1521, em Worms, na dieta imperial, sob ameaça de morte, ele defendeu sua fé diante do imperador, clérigos, nobres, condes e embaixadores.

     Lutero foi raptado e levado para um mosteiro, onde traduziu a Bíblia para a língua alemã. A partir daí, o evangelho passou a ser pregado na língua do povo. Nos púlpitos e nos bancos das igrejas, havia cópias de Bíblias traduzidas por Lutero. Cantavam-se por toda a Alemanha hinos evangélicos e Salmos, muitos dos quais escritos pelo próprio Lutero.

      Dentre eles, destacava-se a "Marselhesa da Reforma", Castelo Forte. Dentro de 30 anos, a igreja cristã na Alemanha tinha sido reformada, como ninguém jamais poderia ter sonhado. Os abundantes escritos de Lutero tiveram larga aceitação. E, assim, o movimento se espalhou pela Boêmia, Hungria, Polônia, Inglaterra, Escócia, França, Países Baixos, Escandinávia e até mesmo pela Espanha e Itália.

Calvino (1509-1564)

     João Calvino foi o grande cérebro da Reforma e o sistematizador das doutrinas reformadas. Ele nasceu na França. Filho de um rico advogado ligado ao clero, Calvino recebeu formação humanística. Em 1533, declarou-se protestante. Calvino escreveu inúmeras obras e redigiu comentários de quase todos os livros da Bíblia. Aos 26 anos, escreveu a principal obra da Reforma, as Institutas da Religião Cristã.

      Calvino realizou uma extraordinária obra de pregação, ensino, disciplina e educação do povo, transformando Genebra numa verdadeira maquete do Reino de Deus na terra e num grande celeiro de missionários para o mundo.

      A influência de Calvino como teólogo e pensador extrapolou os horizontes da igreja e tem os seus reflexos até hoje na história. Ele influenciou a economia com o seu humanismo social. Influenciou a educação, ao criar um sistema educacional de primeira ordem. Seus planos resultaram no estabelecimento de um sistema escolar livre e completo, culminado pela academia, instituição de grau universitário, no qual não faltava o curso de teologia.

     Calvino é muito criticado nos meios acadêmicos como o pai do capitalismo selvagem. Seus críticos o acusam de ensinar que a prosperidade financeira era o sinal da predestinação. Max Weber, sociólogo francês, olha Calvino por esse viés equivocado. É bem verdade que Calvino deu ênfase ao trabalho honrado e à poupança. Consequentemente, as pessoas que trabalham e poupam e não gastam de forma desordenada prosperam. Contudo, Calvino jamais ensinou que a prosperidade é sinal da predestinação. Tampouco ensinou a concentração de riquezas. No humanismo social de Calvino, a ideia central é a de que devemos usar os bens para socorrer os necessitados, e não para acumular para nós mesmos. Calvino explicava a questão do ministério do pobre e do ministério do rico.

      Calvino influenciou fortemente a educação, criando a universidade. Ele foi um embaixador da educação, um homem visionário, muito à frente do seu tempo. Transformou Genebra num celeiro de profissionais e obreiros. Também fez dela um refúgio para pessoas foragidas e perseguidas pela intolerância religiosa.

     Calvino influenciou a ética e a família, pois toda conduta, quer privada quer pública, deveria ser regida pelas Escrituras. Ele foi um expositor de qualidades superlativas. Conhecia as línguas originais da Bíblia e pregava semanalmente expondo as Escrituras como base para a fé prática.

     Calvino é criticado por muitos que não o conhecem nem jamais leram as suas obras, mas amado por aqueles que ainda hoje, depois de quase cinco séculos, bebam da sua fonte.


Fonte do Texto: Livro Mensagens Selecionadas II - Rev. Hernandes Dias Lopes

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Lopes, Hernandes Dias. Mensagens Selecionadas de Hernandes Dias Lopes, 2. 1.ed. São Paulo: Hagnos, 2009. 302p.


DEUS VOS ABENÇOE, AMADOS!!!

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