QUANDO DEUS FECHA AS PORTAS

"Defronte com a Mísia, tentavam ir à Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu." (At 16.7)

     Quando se fala em portas fechadas o que vem a sua mente? Talvez portas fechadas possam ser empregos que nunca dão certo, uma disciplina que você não vai bem na Universidade ou uma venda que nunca foi concretizada. A nossa vida também está recheada de portas fechadas. Nem todas as portas se abrem para nós. Assim também ocorreu com o Apóstolo Paulo, Silas e o jovem Timóteo, quando estes tentavam ir à Bitínia.

   Eles estavam prestes a começar a Segunda Viagem Missionária. A Primeira Viagem foi um sucesso, como nos mostra a Palavra de Deus em Atos 14.27: "Chegaram ali, reuniram a Igreja, e relataram quantas coisas fizera Deus com eles e como abrira aos gentios a porta da fé". Deus havia aberto portas em Chipre, Listra e Icônio, mas chegou uma hora onde as portas fecharam, onde os ventos sopraram contrário (At 16.7). Paulo na sua Segunda Viagem Missionária tentou ir à Ásia, mas nenhuma porta se abriu. Tentou ir à Bitínia, encontraram mais portas bloqueadas. Foi Deus que bloqueou e pronto.

     Deus possui a chave de todas as portas. Deus é aquele "que abre, e ninguém fecha, e que fecha, e ninguém abre" (Ap 3.7). Deus fechou a porta da Arca de Noé e só Ele poderia abri-la. A tumba do Mestre foi selada por soldados, mas só Deus poderia abri-la. Sempre que Deus bloqueia uma porta, não temos o poder de abri-la e com isso chegamos a ficar frustrados.

   Quando Deus fecha as portas é porque elas tem algum significado. Elas deixam de ser interrupções dos nossos planos, para se transformar em sinais dos planos de Deus. E foi isso que Paulo aprendeu. Deixou de ir pro Norte, pro Sul e pro Leste restando apenas o Oeste, de modo que terminaram indo para o ponto mais ocidental da Ásia: "À noite, sobreveio a Paulo uma visão na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava: Passe à Macedônia e ajude-nos" (At 16.9).

     Portas fechadas na Ásia, braços abertos na Europa: "Tendo, pois, navegado de Trôade, seguimos direto à Samotrácia, no dia seguinte, a Neápolis..." (At 16.11). Se prestarmos atenção, o texto diz "seguimos direto", ou seja, os ventos estavam a favor. A porta de Deus estava começando a se abrir. Chegaram em Filipos, e lá conheceram a primeira mulher convertida ao Cristianismo no Ocidente: Lídia, a vendedora de púrpura (At 16.14). Com o apoio dela, Paulo e sua comitiva começaram a trabalhar e os seus esforços foram tão eficientes que os líderes pagãos daquela cidade começaram a se irritar, pois viam as pessoas se distanciarem mais dos templos deles e com isso suas rendas decaíram. Então intentaram contra Paulo e Silas: "e, levando-os aos pretores, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbam a nossa cidade, propagando costumes que não podemos receber, nem praticar, porque somos romanos." (At 16.20,21).

    Quem sabe naquele momento um sentimento de "porta fechada" bateu novamente no coração de Paulo e de Silas. Mas eles não reclamaram. Pelo contrário, da prisão surgiram sons que dificilmente você encontraria por lá: sons de louvor e oração: "Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus; e os outros presos os ouviam." (At 16.25). Seus corpos poderiam estar presos, mas as suas mentes estavam ligadas no céu. Mas como cantar num momento daqueles? Como orar estando com os pés atados e com suas costas marcadas pelos açoites? Eles simplesmente alinharam a história deles com a de Deus. Como diz o profeta Oseias: "Os caminhos do Senhor são justos; os justos andarão nele." (Os 14.9).

    Quando Deus fecha uma porta é porque ela precisa ser fechada. Quando Deus bloqueia um caminho é porque ele precisa ser bloqueado. Quando Paulo e Silas foram jogados na prisão, é porque Deus tinha um plano na vida do carcereiro. Quando Paulo e Silas cantavam e oravam, "sobreveio um tão grande terremoto que os alicerces da prisão foram abalados. Na mesma hora todas as portas se abriram, e as correntes de todos se soltaram" (At 16.26). Quando o carcereiro viu o que tinha acontecido, tentou tirar a sua própria vida, foi quando Paulo pediu para ele não fizesse aquilo (At 16.28). O carcereiro foi até Paulo e perguntou: "O que devo fazer para ser salvo?" (At 16.30). Paulo respondeu: "Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e tua casa" (At 16.31). Ele creu. O carcereiro que há instantes guardava a prisão e seus prisioneiros, agora estava lavando as feridas desses prisioneiros, e Jesus lavando os seus pecados. Deus fechou a porta do cárcere para que a porta do coração do carcereiro pudesse ser aberta.

    Deus utiliza portas fechadas para propagar a Sua causa. O objetivo de Deus são as pessoas. Ele vai te manter longe da Ásia só para você conversar com Lídia. Ele vai te colocar numa prisão para que a porta do coração do carcereiro seja aberta.

    Deus é um Deus que também fecha portas para difundir a Sua causa!

ADAPTADO DO LIVRO: A história de Deus e a Sua História: Quando a Dele se Torna a Sua | Max Lucado, 2011.

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